10 de setembro de 2010

Tempo

"Tu e eu ainda não fizemos de nós mesmos.
Haverá tempo para tudo dizias
e ao longo desde ano (para dar uma noção de duração),
fizemos de didascálias numa obra sem personagens.
Como todos os negócios com direito a um espaço comercial,
o nosso afecto ocupava o tempo de antena da primavera,
os bancos do cinema King, o lugar estratégico das estrelas,
o vazio da web e o mal estar das massas.
O nosso amor fazia concorrência aos gelados
e a outros reguladores naturais do metabolismo."




de volta.

15 de outubro de 2006

Até já



Levantou-se da cadeira e não olhou para trás. No arco de cada passo desmeava os atilhos dos afectos feitos em nós. De intensidade moderada, os olhares abatiam-se, fazendo do rasto gulodice.
Quanto paguei por esta meiga aflição?
E das músicas que assobias, quantas notas já foram minhas?



30 de setembro de 2006

Palavras por palavrear



Depositei mais uma carta não escrita na gaveta das minhas incertezas e mais uma vez não sei onde meti as palavras que ainda não te disse.
Uma última imagem antes de dormir.
Vou apagar a luz de mais um dia que não percebo bem porque passou.

23 de setembro de 2006

Frio


Sabes, voltei ao nosso banco de madeira e quase não reconheci o lugar. A vegetação cresceu, a madeira envelheceu e os pássaros deixaram de chilrear. Ou então, fui eu que não os ouvi, tão absorta estava noutras vozes.
Sentei-me e fiquei à escuta.
Ouvia-se o queixume das árvores à passagem do vento.
Senti frio.
Sabes aquele frio que sinto quando toda a gente teima em dizer que está calor?
Sentada, dei comigo à conversa.
Palavra puxa palavra e desenterrei uns quantos diálogos que outrora mantive contigo.
Já não sei onde acaba a realidade e começa a minha imaginação, mas quase juraria que foram conversas nossas. Mas acrescentei-lhes novos argumentos, acrescento sempre.
Não os irás conhecer.
Esgotaram-se as palavras entre nós. Elas já só existem dentro de mim.
Terias sempre mais argumentos que eu. Tinhas sempre.
Alguma vez me ouviste?

28 de agosto de 2006

Censos






"Estamos sóscomtudo aquilo que amamos."








25 de agosto de 2006

Poesia Líquida




um
poema

escondido
no
fundo
de
cada

copo
.

24 de agosto de 2006

Pedido


"Se me amas, ama-me baixinho.


Não o grites de cima dos telhados."